quinta-feira, 9 de abril de 2009

Perdas e ganhos

“Nesse curso entendi que a vida não tece apenas uma teia de perdas mas nos proporciona uma sucessão de ganhos.
O equilíbrio da balança depende muito do que soubermos e quisermos enxergar.”
“ainda estou buscando ‘o tom’ certo”
“Em meios-tons melancólicos, em tons mais claros, com pressa e superficialidade ou alternando alegria e prazer com momentos profundos e reflexivos.
Apenas correndo pela superfície ou de vez em quando mergulhando em águas profundas.
Distraídos pelo barulho em torno ou escutando as vozes nas pausas e nos silêncio – a nossa voz, a voz do outro.
Nosso tom será o de suspeita e desconfiança ou serão varandas abrindo para a paisagem além de qualquer limite?
Parte disso depende de nós.
No instrumento de nossa orquestra somos – junto com fatalidades, genética e acaso – os afinadores e os artistas. Somos, antes disso, construtores de nosso instrumento. O que torna a lida mais difícil, porém muito mais instigante.”
“digo que somos importantes, e bons capazes, mas também digo que somos tantas vezes fúteis, que somos medíocres demasiadas vezes. Digo que poderíamos ser muito mais felizes do que geralmente nos permitimos ser, mas temos medo dos pecos a pagar. Somos covardes.”
“sou dos que acreditam que a felicidade é possível, que o amor é possível, que não existe só desencontros e traição, mas ternura, amizade, compaixão, ética e delicadeza.
Penso que no curso de nossa existência precisamos aprender essa desacreditada coisa chamada ‘ser feliz’. (vejo sobrancelhas arqueando-se ironicamente diante dessa minha romântica afirmação.)
Cada um em seu caminho e com suas singularidades.”

“Na arte como as relações humanas, que incluem os diversos laços amorosos, nadamos contra a correnteza. Tentamos o impossível: a fusão total não existe, o partilhamento completo é inexeqüível. O essencial nem pode ser compartilhando: é descoberta e susto, glória ou danação de cada um – solidariedade.
Porém numa conversa ou num silêncio, num olhar, num gesto de amor como numa obra de arte, pode-se abrir uma fresta. Espiarão junto, artistas e seu espectador ou seu leitor – como dois amantes.
E assim vai rasgando joelho e mãos, a gente afinal vai.”

“Sou uma mulher do meu tempo, e dele quero dar testemunho do jeito que posso”
“Lamentando a palavra na hora errada e o silêncio que teria sido melhor falar.”
“Somos autores de boa parte de nossas escolhas e omissões, audácia ou acomodação, nossa esperança e fraternidade ou nossa desconfiança. Sobretudo, devemos resolver como empregamos e saboreamos nosso tempo, que é afinal sempre o tempo presente.
Mas somos inocentes das fatalidades e dos acasos brutais que nos roubam amores, pessoas, saúde, emprego, segurança, ideais.
De modo que minha perspectiva do ser humano, de mim mesma, é tão contraditório quanto, instigantemente, somos.
Sos transição, somos processo. E isso nos perturba.
O fluxo de dias e anos, décadas, serve para crescer e acumular, não só perdee limitar. Dessa perspectiva nos tornaremos senhores, não servos. Pessoas, não pequenos animais atordoados que correm sem saber ao certo por quê.”
Lya Luft