domingo, 16 de março de 2008

Quase

Ainda pior que a convicção do não é a incerteza do talvez, é a desilusão de um quase! É o quase que me incomoda, que me entristece que me mata trazendo tudo o que poderia ter sido e não foi! Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que escapam pelos dedos nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca saíram do papel por essa maldita mania de viver no outono. Pergunto-me às vezes o que nos leva a escolher uma vida morna. A resposta eu sei de cor, esta estampada na distância e na frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença do ¨bom dia¨ quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.
A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai, talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo o mar não teria ondas, os dias seriam nublados, o nada não ilumina não inspira, não aflige nem acalma apenas amplia o vazio que cada um trás dentro de si. Preferir a derrota prévia à duvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
Para os erros há perdão, para os fracassos chance, para os amores impossíveis tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo o fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você, gaste mais horas realizando que sonhando… fazendo que planejando… vivendo que esperando. Porque embora quem quase morreu ainda vive, quem quase vive já morreu.
- Luiz Fernando Veríssimo -